Retomando nossa pergunta inquietante, conto a experiência que vivi com Violeta. Violeta foi aquela linda flor por quem comia um caminhão de terra, e que me rejeitou. Na época xinguei-a de todos os palavrões que vinham à minha cabeça por ter me rejeitado, e mais ainda pela forma como ela marcou sua posição: convidando-me junto com outras pessoas para uma festa em sua casa e fazendo questão de ficar com outro Zeca na minha frente. Digo, poderia ser o acaso não fosse a questão de ela olhar em meus olhos e certificar-se de que eu estava vendo-a beijar o cara; e depois, na hora da despedida, pedir-me perdão por "qualquer coisa que tenha feito".

Antes que meus colegas queiram chamar violeta de vaca ou o Zeca de traidor, cito que eles não são vilões da história, e que apesar de eu tê-los chamado de f.d.p. por muito tempo, devo agradecê-los por terem me curado de paixonite.

Mas que é essa tal paixonite? É aquilo que acontece quando um homem desenvolve pela mulher uma espécie de atração tão idealizada a ponto desta tornar-se uma espécie de "salvação" para ele. À medida que essa visão idealizada da mulher se desenvolve, o homem começa a agir de um modo tão carente e inseguro que acaba afastando essa mulher de si. E quanto mais ele tenta "aproximar-se", mais ela foge.

O que acontecia entre eu e Violeta é que eu a achava linda, maravilhosa, encantadora; impressões típicas de um apaixonado. Olhava apenas as belas impressões dessa flor, sem considerar seus espinhos. E ao tentar abraçá-la, revelar-lhe o que sentia, aproximei-me como um doente aproxima-se de um médico. Todavia os humanos não necessariamente curtem cuidar da vida de pessoas que "não vivam sem ela", e é claro: Violeta preferiu manter distância de mim.

Inseguro quanto à sua frieza, decido aproximar-me mais, ser mais incisivo. Ela me tratava cada vez de modo mais frio, a fim de evitar criar expectativas de que ela fosse minha salvadora. A ponto de ter me mostrado de modo bem direto que estava em outra.

É óbvio que a xinguei muito e chorei uma noite inteira, pois todos meus castelos de areia desmoronavam, e mais ainda, a minha salvadora tornara-se um demônio, desprezível, que fazia questão de certificar-se de minha desgraça. A duras penas descobri que os humanos não se resumem em simples categorias como bem e mal, anjos e demônios. E digo, naquela noite Violeta abria-me a possibilidade libertar-me de minha paixonite e experimentar a vida temporária de safado.



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