Continuando minha saga de Zeca, no complexo ano de 2002, me remeto agora a um curso de formação de um fim de semana inteiro, onde conheci a linda flor Abrótea. Antes que pensem que o Floreiro é um maníaco sexual disfarçado de bom cristão, afirmo que um cristão, como qualquer ser humano, possui sexualidade, é erótico e afetivo. Bem, isso pode dar um futuro Post.

Continuando, nesse curso de formação em que conheci Abrótea, encanetei-me com seu carisma, seu jeito brincalhão de ser e um detalhe extermamente significativo: ela era uma daquelas baxinhas pra lá braba.

Entre uma brincadeira e outra nos intervalos do curso, fui aos poucos aprendendo a fazê-la rir. Curiosamente, se há no senso comum a idéia de que é possível conquistar um homem pelo seu estômago, considero que é possível fazer uma mulher por suas bochechas e barriga: se você é capaz de fazê-la rir, com certeza tem um grande diferencial. E eu precisava disso, pois como ja disse, sou feio, e isso é difícil de contornar.

O bom Deus quis que eu cruzasse com aquela flor, pois a oportunidade perfeita apareceu naquela noite, em que faríamos uma festa do ridículo. E bem, numa festa do ridículo, até os feios tem chance estética com os bonitões. Foi aí que procurei Abrótea e disse-lhe que queria me fantasiar de mulher, mas precisava de uma maquiagem.

Um pequeno parênteses sobre a maquiagem: é uma arte milenar que faz das mulheres artistas do corpo e da alma. Com o adequado manuseio dos lápis, batons, sombras, pinças e outros tantos elementos, elas fazem de seu rosto uma obra prima. E elas são muito cuidadosas nisso: gastam um considerável tempo se produzindo, realizando sua obra prima. Por isso a gente às vezes fica tanto tempo na espera.

Voltando a maquiagem, Abrótea ficou euforica com a possibilidade de transformar-me em uma menina: mandou-me aparar a barba e lavar bem os cabelos, que o resto ela faria. Nesse momento pensava o que isso tudo significava, mas ainda não percebia que estávamos fazendo uma espécie de jogo em que os dois estavam ansisos pra saber qual seria o próximo passo. Banho tomado e barba feita, inicio a produção com Abrótea. Seus equipamentos deixaram meu rosto fantástico, levemente mulher, com sombras profundas, cílios armados, boca irradiante e face lisinha. Só o cabelo que não tinha ficado muito bom, mas o conjunto estava excelente.

Iniciada a festa, Abrótea se realiza com o sucesso de "sua menina": entro no desfile e faço a performance, gritos alucinados na geral. Até os Zecas ficaram imressionados com minha familiardade na pista.

Dançamos a noite toda, eu e Abótrea ficavamos oscilando entre danças próximas e afastamentos para nossos grupos. Ao mesmo tempo em que ficava excitado com a possibilidade de beijar seus lábios com minha boca de batom, temia que ela talvez dissesse não. E nessa bunda molice fiquei até o fim da festa, quando acabou a música era hora de ir dormir (meninos pra um lado, meninas para outro). Ciente de que era aquela a hora, ou nunca mais, aproximei-me de Abótrea para dar o beijo de boa noite e intencionalmente virei meu rosto de encontro aos seus lábios. Um leve beijo e ela me empurrou dizendo: "até que enfim!". Antes que pudesse pensar qualquer coisa, e ela virou as costas e saiu. Aquilo me deixou muito puto, mas ela podia ter suas razões, eu a tinha deixado esperando a noite toda.

Voltando pro quarto, os Zecas conversavam sobre suas meninas, e quando perguntaram-me se eu tinha conspirado, disse que não, querendo esconder minha vergonha de ter dado um beijo que passou rápido.

Dia seguinte, café da manhã, eis que estamos na mesa para tomar o café e Abótrea aparece, vem em minha direção e me dá aquele beijo de sair estrelas. Os Zecas me olham e dizem "safadão!". Não tenho nem onde enfiar minha cara.



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